"Há um abismo entre o Jesus dos Evangelhos e o Jesus Histórico". |
A
polêmica entrevista de Reza Aslan para a Fox News
Para quem procura um trabalho científico, “Zelota”
não é fruto de um crente incondicional, felizmente, mas de um estudioso
inquisitivo. Já na introdução Aslan dá a pista do interessante
rumo que seu trabalho vai seguir ao afirmar:
“É um milagre que saibamos alguma coisa sobre o
homem chamado Jesus de Nazaré. O Pregador itinerante, vagando de cidade em
cidade clamando sobre o fim do mundo e sendo seguido por um bando de
maltrapilhos, era uma visão comum no tempo de Jesus.”
Continua mais adiante:
“Inúmeros profetas, pregadores e messias caminhavam
pela Terra Santa proclamando mensagens do iminente julgamento de Deus.”
O Jesus de Aslan é o mais bem
sucedido e carismático dos profetas e messiânicos que em algum momento daquele
período se julgaram o Messias, como Ezequias; Simão da Pereia; Judas, o
Galileu; Menahem; Simão, filho de Giora; Simão, filho de Kochba, entre outros.
Percebe-se ao longo do trabalho que Aslan se vê no meio de um
gigantesco quebra-cabeças aonde parecem estar faltando várias peças e para
completar fica-se com a sensação de que acaba por especular e lançar teses sem
ter encontrado as devidas(e talvez inexistentes) fontes, acabando por vez a
lançar sentenças contraditórias como “A Primeira parada de Jesus ao retornar
deve certamente ter sido Nazaré…”
O ponto alto do livro é a descrição meticulosa do
período e da geografia, ajudando a reconstituir todo o universo em torno do
Jesus histórico, que ajudam a dar credibilidade a algumas teses levantadas,
inclusive com detalhes topográficos que por vezes servem para desmentir
“verdades” de séculos, desde questões como o suposto massacre promovido por
Herodes contra todos os recém nascidos de Belém, até questões como o
episódio constante do evangelho de Lucas aonde afirma que os moradores de
Nazaré levaram-no ao cume do monte aonde a vila foi construída e tentaram
empurrá-lo de um penhasco, aonde segundo Aslan não existe
precipício de onde ser empurrado.
O Jesus de Aslan é alguém que
desafiou a autoridade de Roma e a alta hierarquia religiosa judaica, um homem
pleno de convicções, paixões e contradições, um revolucionário politicamente
conscientizado, analfabeto, vindo das classes menos favorecidos e coloca em
dúvida algumas questões inclusive sobre a paternidade de Jesus por José. Para Aslan,
Jesus é gerado fora do casamento e coloca em dúvida a própria existência de
José. Aslan questiona do que viveria um carpinteiro em Nazaré?
Uma aldeia aonde as casas eram feitas todas de barro.
“Zelota” levanta pontos interessantes, aborda
as razões pela qual a Igreja Católica optou por promover a imagem de Jesus como
um mestre espiritual pacífico em detrimento de um revolucionário que se rebelou
contra o domínio romano na sua terra. Não é possível embarcar em todas as teses
levantadas por Aslan, mas contém levantamentos históricos bastante
pertinentes
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