terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Há um abismo entre o Jesus dos Evangelhos e o Jesus histórico.

             
"Há um abismo entre o Jesus dos
Evangelhos e o Jesus Histórico". 
Recentemente foi lançado nos Estados Unidos e acaba de desembarcar no Brasil “
Zelota – A Vida e a Época de Jesus de Nazaré, editado pela Zahar e escrito pelo iraniano(radicado nos Estados Unidos)Reza Aslan, estudioso em teologia. A busca central desse trabalho é justamente esse Jesus histórico. Como não poderia deixar de ser, o livro já está mergulhado em um sem fim de polêmicas, sendo atacado duramente por entidades mais conservadoras e fundamentalistas que não admitem que se estude a figura de Jesus do ponto de vista científico. O ápice da polêmica ocorreu na entrevista que Aslan concedeu a rede Fox News, aonde a âncora Laura Green o questionou duramente como um muçulmano se julgava no direito de escrever um livro sobre Jesus. Diante de um preconceito de tal dimensão, Aslan respondeu que escreveu o livro na qualidade de acadêmico com doutorado e especialização em histórias das religiões e 20 anos de estudo das origens do cristianismo. Óbvio que a partir daí as vendas do livro explodiram, já classificado como um best-seller.


A polêmica entrevista de Reza Aslan para a Fox News
                Para quem procura um trabalho científico, “Zelota” não é fruto de um crente incondicional, felizmente, mas de um estudioso inquisitivo. Já na introdução Aslan dá a pista do interessante rumo que seu trabalho vai seguir ao afirmar:
É um milagre que saibamos alguma coisa sobre o homem chamado Jesus de Nazaré. O Pregador itinerante, vagando de cidade em cidade clamando sobre o fim do mundo e sendo seguido por um bando de maltrapilhos, era uma visão comum no tempo de Jesus.
Continua mais adiante:
“Inúmeros profetas, pregadores e messias caminhavam pela Terra Santa proclamando mensagens do iminente julgamento de Deus.”
                O Jesus de Aslan é o mais bem sucedido e carismático dos profetas e messiânicos que em algum momento daquele período se julgaram o Messias, como  Ezequias; Simão da Pereia; Judas, o Galileu; Menahem; Simão, filho de Giora; Simão, filho de Kochba, entre outros. Percebe-se ao longo do trabalho que Aslan se vê no meio de um gigantesco quebra-cabeças aonde parecem estar faltando várias peças e para completar fica-se com a sensação de que acaba por especular e lançar teses sem ter encontrado as devidas(e talvez inexistentes) fontes, acabando por vez a lançar sentenças contraditórias como “A Primeira parada de Jesus ao retornar deve certamente ter sido Nazaré…”
                O ponto alto do livro é a descrição meticulosa do período e da geografia, ajudando a reconstituir todo o universo em torno do Jesus histórico, que ajudam a dar credibilidade a algumas teses levantadas, inclusive com detalhes topográficos que por vezes servem para desmentir “verdades” de séculos, desde questões como o suposto massacre promovido por Herodes contra todos os  recém nascidos de Belém, até questões como o episódio constante do evangelho de Lucas aonde afirma que os moradores de Nazaré levaram-no ao cume do monte aonde a vila foi construída  e tentaram empurrá-lo de um penhasco, aonde segundo Aslan não existe precipício de onde ser empurrado.
                O Jesus de Aslan é alguém que desafiou a autoridade de Roma e a alta hierarquia religiosa judaica, um homem pleno de convicções, paixões e contradições, um revolucionário politicamente conscientizado, analfabeto, vindo das classes menos favorecidos e coloca em dúvida algumas questões inclusive sobre a paternidade de Jesus por José. Para Aslan, Jesus é gerado fora do casamento e coloca em dúvida a própria existência de José. Aslan questiona do que viveria um carpinteiro em Nazaré? Uma aldeia aonde as casas eram feitas todas de barro.
                “Zelota” levanta pontos interessantes, aborda as razões pela qual a Igreja Católica optou por promover a imagem de Jesus como um mestre espiritual pacífico em detrimento de um revolucionário que se rebelou contra o domínio romano na sua terra. Não é possível embarcar em todas as teses levantadas por Aslan, mas contém levantamentos históricos bastante pertinentes


Nenhum comentário:

Postar um comentário