terça-feira, 15 de outubro de 2013

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL.

O sistema capitalista, enquanto forma específica de se ordenar as relações no campo socioeconômico, ganhou suas feições mais claras quando – durante o século XVI – as práticas mercantis se fixaram no mundo europeu. Dotadas de colônias espalhadas pelo mundo, principalmente em solo americano, essas nações acumulavam riquezas com a prática do comércio.

Na especificidade de seu contexto, observaremos que a história britânica contou com uma série de experiências que fez dela o primeiro dos países a transformar as feições do capitalismo mercantilista. Entre tais transformações históricas podemos destacar o vanguardismo de suas políticas liberais, o incentivo ao desenvolvimento da economia burguesa e um conjunto de inovações tecnológicas que colocaram a Inglaterra à frente do processo hoje conhecido como Revolução Industrial.



Com a Revolução Industrial, a qualidade das relações de trabalho no ambiente manufatureiro se transformou sensivelmente. Antes, os artesãos se agrupavam no ambiente da corporação de ofício para produzir os produtos manufaturados. Todos os artesãos dominavam integralmente as etapas do processo de produção de um determinado produto. Dessa forma, o trabalhador era ciente do valor, do tempo gasto e da habilidade requerida na fabricação de certo produto. Ou seja, ele sabia qual o valor do bem por ele produzido.

As inovações tecnológicas oferecidas, principalmente a partir do século XVIII, proporcionaram maior velocidade ao processo de transformações da matéria-prima. Novas máquinas automatizadas, geralmente movidas pela tecnologia do motor a vapor, foram responsáveis por esse tipo de melhoria. No entanto, além de acelerar processos e reduzir custos, as máquinas também transformaram as relações de trabalho no meio fabril. Os trabalhadores passaram por um processo de especialização de sua mão de obra, assim só tinham responsabilidade e domínio sob uma única parte do processo industrial.

Dessa maneira, o trabalhador não tinha mais ciência do valor da riqueza por ele produzida. Ele passou a receber um salário pelo qual era pago para exercer uma determinada função que nem sempre correspondia ao valor daquilo que ele era capaz de produzir. Esse tipo de mudança também só foi possível porque a própria formação de uma classe burguesa – munida de um grande acúmulo de capitais – começou a controlar os meios de produção da economia.

O acesso às matérias-primas, a compra de maquinário e a disponibilidade de terras representavam algumas modalidades desse controle da burguesia industrial sob os meios de produção. Essas condições favoráveis à burguesia também provocou a deflagração de contradições entre eles e os trabalhadores. As más condições de trabalho, os baixos salários e a carência de outros recursos incentivaram o aparecimento das primeiras greves e revoltas operárias que, mais tarde, deram origem aos movimentos sindicais.

Com o passar do tempo, as formas de atuação do capitalismo industrial ganhou outras feições. Na segunda metade do século XIX, a eletricidade, o transporte ferroviário, o telégrafo e o motor a combustão deram início à chamada Segunda Revolução Industrial. A partir daí, os avanços capitalistas ampliaram significativamente o seu raio de ação. Nesse mesmo período, nações asiáticas e africanas se inseriram nesse processo com a deflagração do imperialismo (ou neocolonialismo), capitaneado pelas maiores nações industriais da época.

Durante o século XX, outras novidades trouxeram diferentes aspectos ao capitalismo. O industriário Henry Ford e o engenheiro Frederick Winslow Taylor incentivaram a criação de métodos onde o tempo gasto e a eficiência do processo produtivo fossem cada vez mais aperfeiçoados. Nos últimos anos, alguns estudiosos afirmam que vivemos a Terceira Revolução Industrial. Nela, a rápida integração dos mercados, a informática, a microeletrônica e a tecnologia nuclear seriam suas principais conquistas.

A Revolução Industrial foi responsável por inúmeras mudanças que podem ser avaliadas tanto por suas características negativas, quanto positivas. Alguns dos avanços tecnológicos trazidos por essa experiência trouxeram maior conforto à nossa vida. Por outro lado, a questão ambiental (principalmente no que se refere ao aquecimento global) traz à tona a necessidade de repensarmos o nosso modo de vida e a nossa relação com a natureza. Dessa forma, não podemos fixar o modo de vida urbano e integrado à demanda do mundo industrial como uma maneira, um traço imutável da nossa vida quotidiana.

ALIENAÇÃO E REVOLUÇÃO INDUSTRIAL.
Ao longo do tempo, vários historiadores e linguistas percebem que a apropriação e a disseminação de certas palavras promovem um indeterminado processo de reinterpretação do conceito que um dia esteve por detrás delas. Hoje em dia, por exemplo, vemos que muitas pessoas costumam evocar o termo “alienado” quando tentam dizer que alguém não consegue ter a capacidade intelectual de compreender uma determinada ideia.

Com isso, ao estudarmos o desenvolvimento da revolução industrial, acabamos tendo a errônea impressão de que o conceito de “alienação da classe trabalhadora” é o mesmo que falar sobre a “burrice do operariado”. No entanto, esse conceito trabalhado nas obras de Karl Marx possui uma sensível diferença de sua utilização atual. Ao falar sobre alienação, o pensamento marxista faz referência a toda situação em que uma potencialidade humana é tomada por outra entidade.

Dessa forma, ao tematizar a alienação do trabalhador com o advento da Revolução Industrial, Marx queria estabelecer um quadro onde demonstrava a perda de uma determinada habilidade por parte da classe trabalhadora. Com isso surge a pergunta: “que habilidade é essa que os operários perderam a partir do momento em que as indústrias apareceram no mundo?”

Para responder essa pergunta, devemos primeiramente nos voltar para o surgimento dos artesãos na Idade Média. Nesse período, o artesão tinha acesso às técnicas e matérias-primas necessárias para a fabricação de um produto manufaturado. Além disso, dominava todo o conhecimento técnico requerido para a criação do mesmo. Dessa maneira, sabia os custos e todo o tempo que seria gasto para a fabricação de um determinado produto.

Contudo, com a expansão da economia mercantil, esse artesão iria gradativamente perdendo a noção desse valor no momento em que passaria ser necessária uma grande quantia de dinheiro para aquisição de uma máquina ou de uma determinada matéria-prima. Nesse novo quadro, o artesão deixa de ganhar uma compensação proporcional à sua capacidade produtiva para trocar sua força de trabalho por um salário negociado junto ao detentor da matéria-prima e das máquinas.

Já nesse momento, o trabalhador fabril deixava de perceber a discrepância existente entre sua capacidade produtiva e o salário que recebia. Com desenvolvimento das indústrias e a especialização do trabalho, o operário passava a executar uma única e repetitiva tarefa diária. Dessa forma, não teria mais condições de precisar quantos produtos foram criados pelo uso de sua mão de obra.

Foi nesse momento em que a alienação do trabalhador se materializava. Dessa maneira, muitos trabalhadores passaram a acreditar que a compensação salarial recebida todo mês era justa em relação à “simples tarefa” que desempenhava diariamente. Contudo, é o desconhecimento do valor da riqueza por ele gerada que o faz tomar essa premissa como um fato verdadeiro.


LUDISMO
Com o advento da Revolução Industrial no século XVIII, ocorreram progressivas e intensas transformações sociais, políticas e econômicas. A industrialização havia trazido consigo a urbanização, as mudanças no modo de produção e as tensas relações entre a burguesia, donos dos meios de produções e trabalhadores, que vendiam sua força de trabalho para a sobrevivência.
As indústrias substituíram a produção artesanal pela mecânica, proporcionando, assim, um aumento significativo na produção diária de mercadorias. Esses avanços enriqueceram os capitalistas (burguesia detentora de riquezas), mas os trabalhadores foram excluídos desse enriquecimento.
Na verdade, as condições de vida dos trabalhadores eram precárias: eles viviam em bairros afastados das regiões centrais das cidades, suas casas eram insalubres, construídas em ruas escuras e sem pavimentação, eram mal ventiladas, não tinham água e apresentavam péssimas condições sanitárias.
As indústrias, conforme as casas dos trabalhadores, também não proporcionavam boas condições de trabalho, geralmente eram quentes e úmidas, com pouca ventilação. A alimentação servida para os operários nas fábricas era insuficiente e de péssima qualidade, pobre em nutrientes.
Outro fator que acirrou, cada vez mais, as relações entre capitalistas e trabalhadores foi a interminável jornada de trabalho. Cada trabalhador chegava a trabalhar dezoito horas ao dia. Juntamente com as péssimas condições de trabalho, a expectativa de vida dos operários era baixa, em virtude também da incidência de doenças e de acidentes de trabalho.
Dessa forma, os capitalistas preferiam contratar mulheres e crianças, no intuito de evitar maiores problemas relacionados às manifestações e às revoltas operárias, que reivindicavam melhores condições de trabalho.
Com o incremento das máquinas industriais nas fábricas, rapidamente a mão de obra operária foi sendo substituída, gerando milhares de desempregados. Logo em seguida, os trabalhadores reagiram com o movimento de quebra de máquinas: no ano de 1811, muitos trabalhadores invadiram as fábricas à noite e quebraram as máquinas com golpes de martelos.
Para esses trabalhadores, as máquinas se transformaram na principal responsável pela situação de exploração e de desemprego em que se encontravam. Os trabalhadores quebradores de máquinas ficaram conhecidos como ludistas, pois o principal líder do movimento se chamava Ned Ludd. Rapidamente, o ludismo se espalhou da Inglaterra para outros países europeus.
Portanto, o ludismo se constituiu como o primeiro movimento operário de reivindicação de melhorias nas relações e condições de trabalho.

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